Para salvar o Natal deste ano, é preciso agir agora. A frase do secretário Municipal de Fazenda de Maringá, Orlando Chiqueto Rodrigues, retrata a urgência na retomada de medidas para reduzir a velocidade do ritmo de transmissão do novo coronavírus entre a população residente nas 30 cidades da área de abrangência da Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep).
Em uma reunião, realizada nesta terça-feira (24), pela manhã, na sede da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim), prefeitos e presidentes das entidades de representação do empresariado debateram formas de conter o aumento explosivo de casos. “O cenário crítico requer um conjunto de ações orquestrado e estratégias que afetem o mínimo possível os setores econômicos”, destaca o prefeito em exercício de Maringá, Edson Ribeiro Scabora.
Proteger a vida
O presidente da Amusep, prefeito de Mandaguari, Romualdo Batista, o Batistão, ressalta que, mais uma vez, a união deve falar mais alto e que sejam definidas atividades para serem colocadas em prática em todos os municípios da região. Principalmente, nos que fazem divisa com Maringá. “Nosso maior compromisso é proteger a vida”, afirma.
Uma das conclusões é que os prefeitos vão usar os decretos de Maringá como referência para adotar medidas semelhantes nos municípios deles. Neste momento, a estratégia é intensificar a fiscalização quanto ao horário de funcionamento de bares, disque cerveja, tabacarias, iniciar o toque de recolher mais cedo, suspender a prática de esportes coletivos, reduzir a circulação de pessoas em espaços públicos e impor um rigoroso controle em atividades que provoquem aglomeração.
Sensibilizar a população
Outro caminho é reforçar a campanha de prevenção da doença e conscientização da sociedade. O presidente da Acim, Michel Felippe Soares, comenta ser possível conviver com o novo coronavírus, desde que sejam obedecidas as regras de distanciamento social, uso de máscara facial e a constante higienização das mãos, com água e sabão ou álcool a 70%. “Temos que ter uma atitude madura e de responsabilidade”, declara.
Mohamad Ali Awada Sobrinho, vice-presidente da Acim, que coordenou o encontro de prefeitos e presidentes de associações comerciais, ressalta que a situação, em especial, a do comércio é dramática. “Os empresários estão na lona. Se voltar a fechar, vai ocorrer uma onda de falência e desemprego sem precedentes na história da cidade”, resume.
No limite
O presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), Wilson de Matos Silva Filho, diz que o cenário é dramático e o agravamento da pandemia só será contido se as medidas tiverem alcance regional. “O comércio está no limite. Os serviços de Saúde operam no limite. Temos que agir, já”, destaca.
Coube ao diretor de Vigilância em Saúde, da Prefeitura de Maringá, Eduardo Alcântara Ribeiro, apresentar o quadro crítico da situação atual. Em dez dias, o número de pessoas internadas quase triplicou. Saltou de 60 para 160. Hoje, a maioria dos infectados é de jovens. Muitos assintomáticos, que transmitem o vírus sem saber que estão contaminados.
Faltam profissionais
A secretária interina de Saúde, Maria da Penha Marques Sapata, afirma que o cenário é delicado, complexo e grave. Os principais problemas são a falta de pessoal, que dificulta o fechamento na escala de trabalho, e o estoque de medicamentos. “Tem leitos, mas faltam profissionais para atender os doentes. Nesta época do ano, os laboratórios desaceleram a linha de produção e, no passado recente, já convivemos com a falta de insumos para fabricar os medicamentos aplicados nos pacientes mais graves, internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)”, frisa.
De acordo com Chiqueto, as ações de agora vão refletir em quinze dias. Por isso, os prefeitos têm que ser rápidos na tomada de decisão e o apoio do empresariado é vital para o sucesso das estratégias a serem adotadas. “Sem um trabalho conjunto, nem vamos precisar decretar o “lockdown”, pois as empresas vão permanecer fechadas por causa da falta de pessoas para trabalhar, por estarem doentes”, conclui.