É preciso aproveitar o momento para assumir o papel de gestores e “sepultar” o modelo de gerência do Sistema de Saúde Pública nacional. Esse foi o tema central das discussões, durante os dois dias do projeto de “Capacitação em Saúde”, realizado pela Associação dos Municípios do Estado (AMP), na sede da Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep), em Maringá. A iniciativa contou com o apoio de Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde do Paraná (Cosems).
Para o secretário Municipal de Saúde de Lobato, Álvaro Pereira Gil Cordão, o treinamento “abriu a mente” dos participantes. Ele destaca que os debates apresentaram caminhos para tornar o atendimento cada vez mais humanizado, com mais agilidade e eficaz. “O intercâmbio de experiências possibilita encontramos saídas para muitos problemas. Nas conversas, aprendemos outras formas de desenvolver nossas funções”, comenta, com a experiência de quem atua há 21 anos na Saúde Pública.
Álvaro Gil acrescenta que outra questão primordial discutida na capacitação foi como enfrentar o desafio de cada vez mais a responsabilidade da gestão da Saúde recair sobre os municípios, sem a devida contrapartida para o financiamento dos serviços e o pagamento dos profissionais da área. “Os recursos são finitos e limitados. É impossível de se resolver tudo. Com a gestão compartilhada e o trabalho em rede, conseguimos ampliar o leque de possibilidades para atendermos a maioria dos casos”, reforça.
Realidades próximas
Maria Izabel Romeiro Maesta, de Ângulo, tem opinião semelhante. Ela afirma que treinamentos do gênero agregam conhecimento e refletem, diretamente, no atendimento à população. “As realidades de grande parte dos municípios são muito próximas. Nesses encontros, a troca de informações tende a estabelecer um padrão nos procedimentos. Assim, evitamos a prática de cada um fazer a mesma coisa de maneira diferente”, diz.
Na avaliação da apoiadora do Cosems, na 14ª Regional de Saúde, com sede em Paranavaí, Carla Daniele de Oliveira, além de estabelecer vínculos entre os gestores, a capacitação orienta os gestores a trabalharem com os recursos financeiros e humanos e com a estrutura existente de forma organizada. Também mostrou meios de se buscar a aproximação para estreitar o relacionamento com o Ministério Público e o Poder Judiciário. “Temos que busca o entendimento, para reduzirmos ao mínimo as ações judiciais, que obrigam o SUS (Sistema Único) a oferecer medicamentos, tratamentos e internamentos”, argumenta.
Fonte segura
Os três ressaltaram, ainda, o “conhecimento extraordinário” dos condutores dos trabalhos da capacitação. Gil, Izabel e Daniele garantem que voltam para os municípios deles com o espírito renovado, uma dose extra de motivação e com muitas novas ideias. “É enriquecedor”, resume o secretário de Lobato. “Saímos com mais condições de resolver os problemas”, declara a gestora de Ângulo. “Amplia nossos horizontes”, conclui a representante de Paranavaí
A “Capacitação em Saúde” foi realizada nos dias 29 e 30 de novembro, na sede da Amusep, em Maringá. A abertura dos trabalhos esteve sob a responsabilidade do advogado, Fernando Menegat, e da assessora Jurídica da AMP, Francine Frederico. Ele falou sobre contratos, convênios e obrigações dos municípios, estados e da União. Ela apresentou questões relativas às responsabilidades dos gestores e ao aumento no número de ações judiciais envolvendo o setor.
No dia 30, pela manhã e à tarde, a assessora Técnica do Cosems, Marina Sidinéia Ricardo Martins, abordou uma série de temas relacionados à gestão compartilhada, ao Planejamento Regional Integrado (PRI), à rede de urgência, ao atendimento materno-infantil, e ao papel dos municípios, estados e da Federação. “Aproveitamos para extrair as boas práticas e revelar modelos, sem deixar de apontar as necessidades locais, identificar os vazios assistenciais, reconhecer as fragilidades”, frisa a assistente social, especialista em Administração Hospitalar e Gestão de Sistema de Saúde.